Quando a gente fala em mediação, o termo de abertura é aquele primeiro passo que, por mais simples que pareça, faz toda a diferença no desenrolar do processo. É nesse momento que o mediador dá o tom da conversa, explica como tudo vai funcionar e, principalmente, cria um ambiente de respeito, escuta e cooperação entre as partes. É como se fosse um “acordo de convivência” ali no começo, onde todo mundo entende seu papel, as regras do jogo e o objetivo principal: buscar juntos uma solução que funcione pra todos.
Esse início também ajuda muito a evitar confusões ao longo do caminho. Quando o mediador explica direitinho o que esperar da sessão, quanto tempo pode durar, como vai ser a condução e reforça a ideia de que tudo ali é voluntário e confidencial, as pessoas se sentem mais seguras e abertas ao diálogo. É como construir uma ponte entre o conflito e a possibilidade de resolver isso de maneira mais leve e consciente.
O interessante é que, apesar de existir uma base comum pro termo de abertura no Brasil inteiro, cada estado acaba trazendo suas próprias nuances. Eu, por exemplo, que atuo no Rio Grande do Sul há quase uma década, percebo como aqui o processo costuma ser bem formalizado. Existe um modelo bem definido, com vários pontos que precisam ser ditos e seguidos à risca. Tem uma estrutura clara, quase como um checklist a ser cumprido.
Já em Santa Catarina, percebi uma abordagem um pouco diferente, mais maleável, mais voltada pra adaptar o discurso conforme o perfil das pessoas que estão participando. A mediação lá tende a ser mais próxima da realidade da comunidade, o que pode ajudar muito na conexão entre mediador e mediados.
Agora, em regiões como o Norte do país — principalmente Amazonas e Roraima —, onde há uma presença significativa de povos indígenas e comunidades tradicionais, o termo de abertura pode ganhar uma cara completamente diferente. Já ouvi relatos de mediações que começam com rituais de acolhimento ou até com falas em línguas locais, o que mostra o quanto o mediador precisa estar atento à cultura de quem está ali.
Por outro lado, em estados mais urbanos e com alta demanda judicial, como São Paulo, o foco do termo acaba sendo mais técnico, mais voltado pra questões legais mesmo. E tudo isso mostra como a mediação, apesar de seguir princípios básicos iguais, precisa ser moldada conforme o contexto.
No fim das contas, o termo de abertura é muito mais do que uma formalidade. Ele é uma ferramenta poderosa pra criar conexão, alinhar expectativas e construir um espaço onde todos se sintam seguros pra falar e, principalmente, pra ouvir. É onde a mediação começa de verdade — e quando esse começo é bem feito, o resto do caminho costuma fluir com muito mais leveza.
Muito interessante as nuances de adaptabilidade apontadas. Parabéns!
Tenho a mesma percepção que você. A carta de abertura é uma forma de criar conexão do mediador com os mediandos e com seus procuradores. Nas mediações judiciais, infelizmente não há tempo para se fazer a pré-mediação, sendo assim, a carta de abertura, além de fornecer as informações sobre o ato acaba sendo o recurso para "quebrar o gelo" e deixar as pessoas mais tranquilas. parabéns pelo texto.😉
Parabéns pelo texto e pela sensibilidade!
bela percepção!